14/12/2006

Aos pastores do povo.

Boas tardes!
Com a vossa posterior licença, permito-me entrar nos vossos monitores.
Este que vos escreve é o Grande Mordomo Principal do Palácio de Sua Magnânime Excelência, O Conde.

Escrevo-vos porque em verdade não tenho mais nada que fazer, praticamente sozinho que estou, eu e os outros cento e tal serviçais do palácio. Sozinho porque o Conde, sempre resoluto aventureiro arriscou-se em mais uma das suas viagens por terras inexploradas do Dubai, sempre em busca do melhor hotel; e a Condessa, que também só cá está aí um mês por ano, fugiu com medo das cheias para o Brasil. Só não percebo porque levou um dos jardineiros com ela, se a casa do Brasil não tem jardim. Enfim, manias de Condessa.

De jeito que eu, pessoa dada, ainda que sempre na minha pacatez e descrição de mordomo, ao observar do que se passa ao redor, entre as intrigas e a coscuvilhice, assim como – também acontece – nos assuntos eventualmente sérios, há tempos que vou observando as maleitas desta terra e aquilo que dela vão escrevendo alguns dos seus proto ou antagonistas (como o Conde, também sei umas “palavras de vinte tostões”, como dizia a minha avó, nos tempos longínquos em que vinte tostões valiam alguma coisa).
Ora pois, é por tudo isto que, certo que o meu senhor O Conde não se importará, vou aqui dar-vos a receita para a problemática maior dos vossos comentários, que podendo não valer nada, valerá tanto como muitos desses.

Discute-se muito quem deve ser, como, de que forma, com que figura, o candidato à chefia do concelho.
Pois que eu como tantos em Tomar, acho que Tomar só lá vai com uma figura distinta, bom católico, bom chefe de família.
Que conduza um Volvo ou um Mercedes, que tenha um filho varão a estudar para advogado ou engenheiro e que seja bom no futebol e no xadrez, e uma filha mais nova com queda para a enfermagem ou a assistência social e que com a mãe se dedique a obras de caridade.
Uma esposa respeitável e uma amante séria, da qual não mais que vinte ou trinta pessoas saibam. No máximo um filho bastardo, que nunca reconheceu, e que vê de relance apenas aos domingos de manhã durante a missa.
Terá que ser gestor de uma empresa onde só tenha dado desfalques moderados, ou médico especialista e só beber no máximo dois copos de whisky por dia, ou três de um bom bagaço acompanhado de umas cigarrilhas de leve aroma.
Bom aspecto, alto, sem barriga, cabelo grisalho, olhos verdes, ou castanho claros. Possivelmente um tique charmoso, como um ligeiro coxear de uma lesão antiga de um exercício mal corrido na tropa.
Entre Cunhal e Salazar deve preferir o último, e ainda que reconheça virtudes nesta espécie de democracia, sabe que o Abril dos militares só veio trazer libertinagem. Sabe o que é um desmancho e conhece quem os executa, mas será absolutamente contra o aborto. Deve pertencer aos rotários ou à misericórdia, ser membro de duas ou três assembleias gerais de associações da terra, ainda que nunca tenha perdido tempo em nenhuma. Sabe citar a Bíblia e o Correio da Manhã, cumprimentar todos na rua, e ir ver a bola com um restrito grupo de conhecidos ao hotel.
Meus senhores, encontrai quem caiba neste perfil, e tendes o vosso homem.

Depois ponham quatro ou cinco figuras a colorir o cartaz: uma ou duas mulheres de bom aspecto, um jovem com ar de desportista, e um sénior com ar de intelectual.
Distribuam rebuçados e balões durante três meses no mercado, lançai uma suspeita de corrupção sobre o candidato, e confirmai que em tempos já fugiu ao fisco. Disparai três ou quatro ideias vagas sobre qualquer coisa que soe bem, prometa-se um qualquer grande investimento, afiance-se um projecto fantasioso, e se possível, nunca o escrevam em lado nenhum.
Contratatem-se dois ou três artistas de música pimba para servir com umas febras e uns copos de tinto numa tarde de domingo, e ofereça-se mais um ou dois artífices políticos de renome televisivo que atestem a qualidade e seriedade do senhor, mesmo que esses se enganem no nome dele ao o apresentarem à comunicação social e convidados de elite durante o sarau num local de prestígio.
Convenientemente, em todos os locais a que o senhor se prestar a ir, mesmo que apenas por cinco minutos (e serão muitos), lá estará um fotógrafo que casualmente disparará a máquina realizando assim uma das quatro ou cinco fotos do sujeito que virão no jornal essa semana, onde aparecem mais um dois artigos que o citam, e mais uma boca simpática na secção humorística, enquanto que por falta de tempo ou espaço, se esquecem os outros candidatos.

Meus senhores, como as mezinhas da minha mãezinha lá na Beira, isto é infalível! Não sei porque tanto debateis esta temática, se até para mim que só tenho a quarta classe do antigamente tirada, perto, da Sertã, e tudo o que sei aprendi a servir os outros, me parece tão elementar!
De qualquer modo, e porque da vida levo a experiência, encarecidamente vos rogo que depois do crime, não venhais como de costume antigo dizer que o culpado... é o mordomo!

Cordialmente, sempre a considerar,
O Mordomo.

22/11/2006

Enquanto o Natal não chega.

Alô gentes,
Descidas as águas e eminente o frio, será igualmente verdade que turva e quente se encontra a política partidária local. Mais ou menos como os comentários neste e noutros condados.

No PSD seguem as lutas surdas, como que a testar a velocidade do pelotão, já que ninguém arrisca ainda assumir-se como camisola amarela, mas as tropas aos poucos arregimentam-se, e só falta percebermos que tipo de batalha teremos pela frente.
Como diria o Solnado, a guerra hoje está fechada, mas deve abrir um pouco mais lá para o fim da era Vicente O Mudo, pajem a mando do regedor anterior, Dom Carrão das Freguesias, e será provavelmente esse mesmo, qual Ricardo Coração de Leão a regressar das Cruzadas, que quererá voltar a sentar na cadeira do trono do Condado do Laranjal. Falta saber se conseguirá, pois o vislumbre de poder chegar à excalibur é agora algo que muitos já sentem. A névoa dissipou-se, e muitos julgam ver aqui uma oportunidade.
Com o Príncipe da Alameda, O Perfeito, cada vez mais fora mas sem deixar de estar dentro, e a declarar apoio ao seu mais próximo Sim Senhor, talvez para disfarçar que em verdade não presta apoio a nenhum, a direita tomarense, que mal ou bem não existe outra cá pela terra da Iria, terá aqui a enorme dificuldade cada dia mais evidente de preparar a sucessão se o actual Rei não largar a cadeira e ceptro de vez.
Em qualquer matilha o líder assim se torna pela afronta vitoriosa com o anterior ou pelo desaparecimento desse, mas quem consegue enfrentar O Príncipe, se o PSD dorme há mais tempo que a Bela Adormecida?

Já pelo PS, pronunciam os anais que o líder anunciou que não farão em caso algum, parte dos sete cavaleiros que partirão rumo ao Palácio da Autarquia, Dom Pedro Passado e Monsenhor Rosa Martelo, exigindo a que quem disso ainda sofrer pesadelos, que consultasse algum padre exorcista. Consta que foi aplaudido.
A isto se somam os reptos para que os da casa não alimentem as ferroadas anónimas que lhes prestam na Blogolândia.
É fácil de imaginar a complicação que grassará pelo miolo do Cristóvão, porque mesmo que afastadas as assombrações independentistas, espectros do passado ainda os haverão por lá, mesmo apesar de todos os que aos poucos foram postos ou se puseram ao fresco. E aquilo que pareceria um deserto, a secura de candidatos a candidatos, parece agora revelar-se abundância.
Ora, provou-se que é possível manter numa só habitação do centro histórico 99 canídeos, mas conseguir-se-á manter num só partido tanta ambição individual e desmedida? O jovem, a quem acusam de autoritário, verá a sua vida dificultada provavelmente pelo contrário, o excesso de liberdade que muitos dos seus liderados gozam, o que, para a prática destas coisas, nunca é bom.
O que fazer? Ele sabe que, até porque em terra de batinas dificilmente saias governam, medidas todas as circunstâncias seria o melhor candidato para o partido, mas exactamente porque é no partido o primeiro responsável, não quererá, errando provavelmente, exercer essa querença que outros lhe partilham também.
E assim, afigurar-se-á que como no tempo dos cavaleiros marítimos seja necessário recorrer a estrangeiros para conseguir levar a empresa por diante, sendo certo que desde essa altura ou já antes não gostamos dos espanhóis que estão logo ali ao lado, mas preferimos antes os alemães ou os austríacos, que vêem de mais longe e usam títulos mais pomposos.
Por outro lado, pompa e circunstância, é algo que em terras do Nabão muito se aprecia.
A novela continuará, e cá estaremos para assistir.

Diversificando para o pão e circo, ou neste caso pão e flores, foi finalmente anunciado o comité central da feira das vaidades que mais rende cá nas terras do condado.
João Vital, embora mordomo, não parece na verdade estar a abrir a porta a coisas novas, além das novidades marchantes nos elísios portugueses em dia de aniversário da menina do Balsemão, coisa na qual alguns viram muito mal, o que é bom, porque viram. O mesmo terão feito alguns milhares mais, e nesse aspecto se parabeniza o monárquico Vital. Mas a isto voltarei mais tarde...

... porque vai a récita já longa, e as pontas dos dedos já me doem, aqui vos deixo com reticências no fim, afim de vós mesmos poderdes completar com entenderes.
Divirtam-se, mas com juízo!!

31/10/2006

Glorificação - ou a cegueira induzida

"Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o SENHOR fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas."
Livro do Êxodo, capítulo 14, versículo 21


Plebeus e plebeias, cá volto.
Desculpem a demora, mas tive que retirar-me para umas ilhas a sul, que tinha o palácio cheio de água – foi uma trabalheira, as tapeçarias persas todas estendidas ao sol, as porcelanas da Companhia das Índias cheias de lama, ufa... que trabalho que deve ter sido para os meus fieis serviçais.
Felizmente que graças ao bom trabalho do meu bom amigo Príncipe da Alameda, Dom Paulino Primeiro e Último, O Perfeito e Brilhante, as coisas não foram piores. Aquilo que podia ter sido, sei lá, um dilúvio de levar casa e tudo, foi apenas uma cheia como as outras.
Efectivamente sabemos que o Príncipe Perfeito está em contacto directo com S. Pedro (o das chaves, não o da Beberriqueira) e interveio ele próprio para que parasse de chover, não fossem os malefícios abissalmente maiores, a ponto de andarmos de fatos de mergulho e ter-se de construir um cais para os turistas do Convento.

Senhores, confesso-me estonteado com a capacidade de construir notícias. A habilidade em transformar um mau desempenho numa opinião generalizada de que se é descendente directo de Deus. A caixinha mágica faz milagres, já sabemos, e até põe comerciantes a elogiar o trabalho daquele que não o fez.
Azar têm os autarcas de concelhos onde efectivamente esse lavor haja sido efectuado, nesses não houve cheias, nesses não se falou. Meus caros, quem vos mandou ser parvos? Para aflorar ao quadradinho mais poderoso do mundo tudo vale, e quanto maior for a tragédia, mais pontos se soma.

Triste povo, bem razão tem o teu pastor quando se diz O Iluminado na terra de cegos, porque a melhor forma de adestrar alguém, é fazê-lo sem que se aperceba.
Eu creio ser tempo de erguer estátuas, de levantar ruas em seu nome - que toquem os sinos, que se ofereçam as virgens, entregai-vos povo, entregai-vos!
O vosso Salvador está aí, omnipotente e presente, até encontrou espaço na agenda para vir a Tomar separar as águas. Povo não o deixeis partir que sem ele estais condenado, caminhareis certos para o negrume do abismo.
Acorrei povo, acorrei ao seu encontro, levai-o em ombros pelas ruas, cantai cânticos em seu nome, baptizai vossos filhos com seu apelido, sentai-o à vossa mesa, lavai-lhe os pés, dormi com ele, pendurai fotos suas nas vossas salas e por cima das vossas camas.

Ide, ide, que assim ireis longe, que tão longe já hoje estais.
Vede povo, vede a vossa terra tão bela assim quietinha, dormindo inocente nas margens suficientemente limpinhas do Nabão.
Vede como sois tranquilos e gostais, vede como a vossa vida entregais (e bem seguramente) nas mãos de outros que por ti decidem.
Olhai povo, a memória do teu passado, e confundi-te com ela, que talvez alguém assim se lembre de ti.
Olhai povo, lembrai-te, ouvi, sente o que ao lado te passa, e talvez te lembres do que já fostes.
E aí dentro de ti povo... bem aí dentro, nessa coisa esquisita que te causa algum desconforto, que por vezes até te faz pensar, coisa demoníaca! Aí dentro, lá nesse dentro que te faz humano, que te faz nabantino, nesse sangue que é alma de cavaleiros de outrora, repousa um pouco, ouvi o que esse algo te diz, olhai o que te mostra...
e talvez percebas que há outras verdades, para além das sombras projectadas no fundo da caverna...
e talvez descubras que queres, e que podes ainda, fazer o teu caminho.



E eu que não sou povo, vou já por aqui...

15/10/2006

feira, feirantes e feiosos - ou o circo nabantino.

Caríssimos súbditos, ilustres nobres, importantes monásticos, e restante plebe, queríeis, pois cá estou.
Antes de mais senhores deixai que vos informe que nós o Conde, escrevemos quando muito bem entendemos e a nossa augusta paciência e desembaraço o permite, pois que tem um Conde abundantes e mui mais sedutores afazeres, e se se faz agora nesta manhã nublada, condição meteorológica que a Tomar tão bem condiz, é porque se encurtou o jogging, e as braçadas na piscina.
Ulteriormente, o desígnio do Conde não é falar copiosamente, nem urdir excessivas teorias, nem e principalmente proclamar tudo o que sabe. Se assim agisse não restaria cabimento para o comentário dos plebeus que sois, e isto não teria piada alguma, pois se coisa há que um Conde gosta de fazer é galhofar.

Assim colocado deixai que vos diga que um pouco triste fiquei – ficam bem a um Conde estas confissões de humanidade! – quando passa minha pessoa a ser atacada, e de forma deveras rebarbativa e até repugnante, como se fosse o Conde o protagonista da história.
É crível que numa feição possível como qualquer outra, passe o jogo a ser preferir adivinhar quem é o Conde na sua forma mais terrena e mundana. Acho no entanto existirem melhores atractivos para as vossas escritas. Enfim, sois vós que sabeis. Em todo o caso, e estando tristonho com a forma, não deixo de gargalhar com as suposições, e permiti que vos diga em guiso de provocação, que andais, como só poderíeis andar, muito longe da verdade.
Verdade também será que se passa o Conde a ser visado, vero é que ou alguma das suas conjecturas não agradou a alguém, ou alguma está muito autêntica, ou para afinidade maior, ambas as hipóteses se afiguram. E bem sabemos como reagem algumas pessoas quando algo não lhes agrada - não nos surpreendamos, é da natureza humana!
Fiquei similarmente surpreendido por tamanha manifestação de nobreza cá pelas bandas, que revelo, desconhecia. Barões, marqueses, príncipes, uma paleta imensa sinal que é correcto que somos de prova uma terra de nobres, mesmo que só na fachada...
Este Condado teve também, vi há pouco, honras de figurar no Templário, e por tamanha simpatia para connosco vou desde já pedir ao meu secretário de homenagens, condecorações, afins e assuntos não especificados, que prepare uma justa consagração por préstimos ao Condado, vertida na forma do Grau de Ilustre Cavaleiro Escriba da Ordem dos Pobres Ou Assim Cavaleiros do Templo.

Bom, sobre aquilo que quereis que vos fale, em verdade não há muito para dizer por agora, que estão as águas muito turvas, e os fumos e sons da feira, perturbam a concentração.
A anunciação pelo próprio do fim de Paiva, e a tese já antes e depois mais forte da substituição deste por Pedro Marques, têm agitado principalmente os agrupamentos onde os dois independentes actualmente se colocam.
Os da rosa por seu lado, tentam passar a isso indiferentes, ou olhando em frente, sabendo que nos seus alguns há que bem gostariam que esse desejado voltasse à casa onde o acham pertencer.
E no meio de tudo isso há Rosa Dias, aquele quem julgamos ser a personalidade individual de maior crédito junto dos tomarenses, mas que dificilmente acompanhará Marques se esse migrar. O que fará? Tomará a seu cargo a árdua tarefa de manter a ilusão duma lista independente? É por outro lado comentada a alguma dificuldade de Rosa Dias em ser a primeira figura, mas se assim for, de quem será número 2? Ou irá simplesmente embora?

Deixo-vos aliás esta incitação, a fim de fazermos aqui um pequeno exercício. Façam o cenário de candidatos às eleições de 2009. E até podem indicar o cenário que gostariam, e o que acham que acontecerá, acaso julguem que os dois venham a ser divergentes. Prometo comentar os resultados.

O resto vai enfim como de costume: a feira igual à de sempre, e os tomarenses que lhe ligam pouco mas quanto baste e Carlos Carrão a dizer que gostaria de a colocar mais fora da cidade. Tipo Entroncamento ou Torres Novas talvez.
Fora, como habitual vai andando Paiva, mas também já ninguém liga.
Das reuniões de Câmara, da Assembleia Municipal, os jornais fazem algum eco do que se lá passa, mas também nunca ninguém ligou.
Tomar continua a não ir para lado nenhum, e a isso liga-se pouco.
Tomar e os tomarenses estão como os conhecemos, serenos, e quando não estão serenos estão tranquilos, e também ninguém nos liga.

A mim é que já me ligam, que tenho a lagosta e o Moët&Chandon à espera. Árdua é a vida de um Conde, que nem temos tempo para respirar!

01/10/2006

a cobiçada cadeira

Meus caros flecheirenses, não sei que tenha minha pessoa, que pouca vontade de se espraiar em considerações se me apresenta, que apenas porque me pedem com tamanha consideração e humildade, benévolo como sou, aqui me eis.
Assaz comentários interessantes, outros nem tanto que não mascaram quem os escreve nem com que intenção, mas isso também não me compete, têm vós por aqui deixado e só vos fica bem, essa interior vontade, aqui como bálsamo, de deitar para fora o que vos atormenta os sonhos. Bem sei, nem todos podem dormir como um Conde, mas a vida é assim, poucos são os escolhidos...

Enfim, na vossa mundana labuta, o facto político é a entrevista do Presidente de Câmara, pertinentemente oferecida em Bruxelas, já que como o próprio afirma é onde se sente bem, e verdade é que onde nos sentimos bem é onde devemos estar. Poucos são os escolhidos.

Diga-se então que se há dias pronunciei que o PS estava em vantagem porque podia ao contrário do PSD, assumir que está em busca dum candidato, essa pequena vantagem ter-se-á perdido.
E na distância e inconsistência daí advinda, a que estamos de 2009, quem aparece melhor classificado para ser o cabeça da laranja parece mesmo ser Pedro Marques, que sabe que na rosa tem a porta fechada, e que com os se dizem de sem fruto ou cor não se safa.
Para o ex-presidente essa é a única e derradeira hipótese, e convenhamos, para o PSD também não há muitas alternativas – nenhum dos actuais vereadores é solução, Relvas não trocará o aconchego de Lisboa, e Ivo Santos é suficientemente contestado pelos suficientemente mediáticos e controleiros do partido. Poucos são os escolhidos.

Sobre o PS em rigor não anelo dizer nada mais, que melhores talhas há agora a compor, até porque tenho duas concubinas à espera, assim como que para um jogo de bridge, mas talvez sem cartas. Poucos são os escolhidos.

Ou muito bem, pronto, deixo ainda duas últimas anotações em jeito de bónus e em virtude de alguns comentários aqui por vós rabiscados.
Primeiro, não espereis que, em qualquer dos partidos, venha algum iluminado viajante de fora para vos guiar ó povo! Não só porque tal em Tomar nunca aconteceu e não é apetecível a que aconteça - e que melhor exemplo disso mesmo senão o licenciado Relvas - mas também porque, realmente iluminado só mesmo este vosso Conde. Poucos são os escolhidos.
Segundo, não menosprezeis “a tropa fandanga” do PS ou que outro substantivo lhe queiram alcunhar, que as batalhas quase sempre se perdem por subestimarmos o adversário, olhem que estas rosas já não são as de outros tempos! Atentem a que a surpresa vem sempre donde menos se espera, e 2009 é um ano que aparenta vir a trazer surpresas. Quem eram em verdade Pedro Marques ou António Paiva antes de serem presidentes de câmara?

Certo mesmo certo, clarinho como a água, e fresco como as flores diárias do gabinete real do Palácio da Autarquia, é que 2007 e 2008 vão ser anos quentes. Ou nas palavras dum grande sábio popular brasileiro - "o bicho vai pegar”!
E no final... um será o escolhido.

Édito Normativo

Faz Sua Excelência o Mui Augusto e Vero Conde do Flecheiro a todos saber que:
1. Todos os seus decretos e despachos são integralmente exactos, excepto para os que entenderem que não.
2. Não pretende Sua Excelência o Conde, prejudicar ou ferir ninguém no seu foro pessoal, mas apenas glosar sobre aqueles que a laborações públicas se prestam, devendo saber que ao fazê-lo estão sujeitos pois, à crítica de terceiros.
3. Ao adverso do que comummente acredita a plebe, a crítica tanto pode ser negativa como positiva.
4. Não aprova ou desaprova Sua Excelência o Conde ninguém em particular, critica sim todos em geral, que ninguém está acima ou abaixo de conjectura, a não ser claro está, o próprio Conde.
5. Bom senso e bom humor devem ser requisitos para todos os flecheirenses que têm o privilégio de coabitar neste condado, e por tal privilégio, devem seguir as mesmas linhas de actuação que sua eminência o Conde.
Sobre este ponto aliás, não haverá preferível máxima que aquela que terá, segundo se informa noutro condado algures, sido atestada por Dom Paulino, Príncipe da Alameda - “olhemos para o espelho antes de abrir a boca”.

Este decreto revoga todos os em contrário.
Assim se cumpra e assim se faça cumprir.

21/09/2006

do nabão nascido

Pronuncia o último comentador do post antecedente que já vai longe o derradeiro artigo aqui no condado, e terá talvez razão, mas certamente entendeis que a vida de fidalguia não é fácil! E depois caros comentaristas haveis esgotado argumentos? É que também vos findou o gás!Devo de qualquer modo anunciar que apreciei a maioria dos comentários, alguns deles curiosos e até quiçá interessantes, mas ao contrário desses, as coisas cá pelo condado têm andado algo que murchas, e um distinto afidalgado como eu carece de se distrair com outras coisas que menos enjeito façam ao meu nobre ego.
Mas já que é para tal que assiste este pasquim da minha verborreia, não se importarão que exponha mais algumas das minhas sábias teorias sobre os prováveis factos de índole política do mundo vulgar cá do feudo.

A coisa vai mexendo mas muito ainda pelo underground. No PSD correm as ondas de choque com a hipótese Pedro Marques, uns aprovando outros agoniando com a ideia. Certo é que a Paiva já poucos o podem ver, e segundo se sente, a começar pelos mais próximos. Também é certo que poucos o podem ver, porque parece que ele aparece mesmo muito pouco.
Os Independentes lá se vão segurando como podem, a tentar vender a ideia que ainda existem, e a conseguir algum eco dos jornais, mas na verdade receando muito por se encontraram deveras perto do abismo. Quem sobe depressa fica rápido sem oxigénio.
O PS bem tenta reerguer-se depois do trambolhão, mas ainda não é certo que alguns dos estorvos que por lá tem venham a ser diluídos. O jovem presidente Cristóvão tem o grupo com as maiores potencialidades mas talvez por isso, com maiores dificuldades.
O Bloco não sabe o que fazer a Carlos Trincão nem o que fazer sem ele. Já Carlos Trincão não sabe se cai para o PSD se para os Independentes, ou se na hora da verdade todos o deixam cair.
O PC é Bruno Graça, e Bruno Graça é ele mesmo. Há ainda lembranças duma Sílvia da família Serraventoso, mas terá imigrado para Cuba, que nunca ninguém mais a viu.
O CDS como normal fechou para balanço até perto de 2009.

E disto, porque para futuro interessa o que interessa, analise-se melhor PS e PSD.
Ambos os partidos fizeram más escolhas no processo autárquico. Por um lado o PSD tinha todo o seu trunfo em Paiva e isso era indiscutível, Paiva trazia de trás uma enorme vantagem e por isso era evidente que ganharia. Mas tão provável essa evidência como a de não o voltar a conseguir, e talvez por isso mesmo se mantenha a dúvida se acaba sequer este mandato.
E com estas quase certezas o PSD deveria ter preparado o futuro, e apostado num número 2 forte que gradualmente assumisse a Câmara. Esperava-se que tal acontecesse com Ivo Santos mas assim não foi, e por isso embora no poder, o PSD tem agora a tarefa mais difícil de todos, procurar o sucessor de Paiva, sem poder assumir essa procura, além de que sem sucessor assumido aumenta o risco de poderem rebentar costuras que há muito silenciam o partido, trazendo à luz as muitas divergências e as várias ambições que por lá grassam, sendo que várias questões se colocam: regressará Carlos Carrão à liderança do partido? Atacarão os mais novos? Quererá Relvas ser candidato à autarquia, e tem peso no partido para isso? E dos actuais vereadores manter-se-á algum no barco?

Pelo lado do PS as coisas também não são melhores, com no entanto uma grande diferença, o PS pode arriscar tudo. Mais, sendo oposição é óbvio que a busca do candidato já começou, e podem assumir isso para sua vantagem.
Mas o PS esteve efectivamente mal nas últimas autárquicas. O PS sabia que não poderia ganhar e por isso deveria ter apostado num candidato para 4 anos e nunca em Carlos Silva como cabeça de lista, pois que este evidentemente era candidato para uma só corrida.
E tendo tido como resultado um só vereador, a verdade é que a tarefa de oposição complica-se ao ser óbvio que Carlos Silva sozinho, não faz mossa aos ardilosos que o acompanham na Câmara, tenha ou não o suporte no partido.
E agora as grandes questões: o PS tem na lista que apresentou a acompanhar Carlos Silva três putativos candidatos, José Vitorino, Anabela Freitas e Hugo Cristóvão, sendo que este último leva vantagem porque embora consideravelmente mais novo é já presidente do partido, e tem eventualmente mais experiência política. Mas votariam os tomarenses em alguém com trinta e poucos anos? Por outro lado Vitorino é ainda visto como antigo vereador do PSD e Freitas é mulher, o que em Tomar pode ser difícil de vender a uma comunidade francamente conservadora.
Fora disto, o PS não tem em si mesmo e que se conheçam grandes alternativas, e poderá voltar à velha busca duma personalidade ilustre e independente, perfis dos quais é Tomar no entanto escasso (não basta poder ter perfil para ser presidente, é preciso primeiro ganhar eleições), além de que é conhecida a resistência do PS local a independentes.
Há uma última hipótese, e já sussurrada por aí, de adquirir alguém de fora de Tomar, mas é sempre dúbio se isso cai bem aos tomarenses. Aconteceu com Paiva mas em circunstâncias específicas, sendo que Paiva era professor no Politécnico e cumpriu primeiro um mandato como vereador na oposição.

E para agora chega, que este exercício de pensar e deduzir enrijece-me o couro cabeludo e seca-me a pele, e isso não fica bem a um conde.
Entretenham-se por mais uns tempos e regurgitem lá o que julgam cogitar, que eu tenho de ir averiguar do meu condado, não vá acordar um destes dias com alguma ponte aqui no meio, a estragar-me a estética toda do meu quintal do Nabão nascido...

À margem___
Aos caros comentaristas que por aqui passam e se albergam no anonimato, será que não querem considerar a hipótese de inventar um pseudónimo qualquer? Era só para ver se nos entendíamos melhor...

01/09/2006

Rei ausente, avança pretendente

De regresso ao condado, depois de algumas expedições por terras mouras em nome de deus e da pátria, eis que encontro o sítio num reboliço. Que me caia o septro, se as guerras mudas e subterrâneas pela conquista do palácio da praça de Dom Gualdim Pais, não tiverem já começado.
E a dar voz a um susurro que por aí corre, vem pertinente o Templário desta semana alegar que na ausência de Paiva, Pedro Marques comanda a reunião de Câmara com a conivência do PSD. E a verdade é que há muito se fala que Pedro Marques dava um bom candidato para o PSD substituir o déspota actual. Será?
E Ivo Santos, fica-se? E Relvas, será o mestre deste plano, ou terá planos mais pessoais?
E a geração mais nova, como João Tenreiro ou Gonçalo Jácome, alinham?

Pelos lados do PS, parece que a corrida também já começou. E coincidência ou não, o já referido jornal trás esta semana uma entrevista de duas páginas com Anabela Freitas, directora do Centro de Emprego e uma das mais influentes dirigentes locais. Temos candidata?

O verão acaba, mas adivinham-se tempos quentes.

30/08/2006

O rei ausente

É mais ou menos público que D.Paiva já não se esforça muito por o que quer que seja, nem passa grande cavaco às tropas, mas deve existir um qualquer mínimo não será?
É que segundo chegou a meus nobres ouvidos, ontem baldou-se - gosto de usar umas expressões do povo de quando em vez - baldou-se dizia, a mais uma reunião de câmara.
Eu percebo a sua pouca pachorra para aturar aquilo, mas minha aristocrata pessoa não se candidatou ao lugar.
O que não enxergo é como o PSD aceita tal situação. Será que os partidos não mandam mesmo nada nas pessoas que alguém escolhe para os representar?
Ao menos os comunistas mostraram em Setúbal quem manda, concorde-se ou não.

- Eu não devo estar nada bem pelo altíssimo!... até já falo bem dos comunistas, estou aqui estou a dizer que Bruno Graça devia ser presidente de câmara... e por aclamação!

Ufa!... - sai um príncipe. Gelado!

28/08/2006

August heat

Pois é caros aldeões e envergonhados citadinos... praia, calor, marisco, não combinam muito bem com computadores, mas já que a tal me propus, e como noblesse oblige (que é coisa que nós condes gostamos de dizer), há que manter ao menos os mínimos da função.

Também certo é que importa pouco que aqui muito prose ou não, que poucos o virão a enxergar, tal o estado de amorfismo que por aí anda, como aliás se pode também constatar pelos outros blogues oriundos de terras nabantinas.
Tomar estará por certo no marasmo do costume, e do que aqui me é dado a saber pelos prodígios do mundo virtual, pouco mais se acrescenta além de Cem Soldos ajudar o JN a preencher o vazio da época; o IC3 parecer que é desta que acaba – mas só acredito vendo; as galinhas de Santa Cita que andam não andam para mudar de dono; e, talvez mesmo o único acontecimento interessante a ponto de merecer a minha nobre atenção, a atinente intenção de Carlos Silva em exaurir com os erros de António Paiva, retomando (que já outros o haviam encetado) a destruição do marmóreo ícone da governação Paulinista, o excelso fontanário circular, sublime criação da Arte Sentemporânea, ou como quem diz, sem jeito nenhum.
Acredito mesmo que aí pelos botequins da cidadela, se organize já uma demolição em massa, assim ao jeito da queda da estátua de Saddam, estadista que olha de baixo o nosso, que ainda lhe faltam uns palmos para com ele se nivelar.
E aproveitando a deixa, aceito também o repto deixado pelo comentarista virgilo no post anterior. Meu caro, essa iluminada obra que seria a ponte do flecheiro, aqui bem no coração do meu Condado, é naturalmente fruto duma visão soberba e elevada como só uma magnânime intelecção como a do nosso líder camarário poderia produzir. Essa obra figuraria, estou absolutamente convicto, nos anais do planeamento urbanístico, muito ao jeito claro está, de todas estas obras de referência até aqui já executadas sob a égide da mesma figura.
Infelizmente, e apenas mesmo por infelicidade e adversas condições diversas, chegarei eu primeiro a Marquês que essa ponte venha a fazer-se objecto da fantasia de tão augusto governante.

E para agora chega, que não posso dar muito à pena, ou ao teclado enfim, que isto é uma canseira da qual a minha pessoa não pode abusar.
Fiquem-se por aí como entenderem, que eu aqui me fico já entendido.

24/08/2006

Nasce uma estrela

Já que as novas tecnologias e estas coisas dos blogues parecem estar na berra, é altura de mesmo os mais requintados e recatados como a minha augusta pessoa, aderirem a estas engenhocas populares, assim como que a jeito de dar umas bicadas também, já que é desporto que parece agradar à populaça.
Assim aqui hoje declaro, por obra e graça de meu iluminado engenho, aberto para todo o sempre, assim sempre o deseje, o elevado e nobre e sempre leal, Condado do Flecheiro, província autónoma e desgovernada nas margens do Nabão.
Ao dispor de vossas graças, aceitem as mais etéreas saudações deste vosso Conde.