12/07/2007

Enquanto Agosto não entra...

Acabou-se a festa, já não há cortejos, já não há pendões, já não há acenos e risos forçados, aos papelinhos lançados das janelas enfeitadas, e tantos outros meneios da jubilosa populaça e dos seus pastores.
Acabou-se a festa, acabaram-se as farturas os churros e os cachorros, acabou-se a feira, e calaram-se aqueles que a criticaram pelo excesso de roulottes e por parecer isso, quando isso afinal sempre foi, uma feira. De vaidades vero, mas uma feira.
Findou-se a festa, findou-se a fatuidade, findou-se o movimento, findou-se a cidade por mais quatro anos, por certo acatando em sua letargia que um iluminado a arrebate da lama onde sufoca.
Findou-se, mas deixa lembranças. Abrigarei por demorado período a reminiscência daquela representação Estado Novo do Rei Cavaco, que afinal compõe cálculos pior que o dos seis por cento, ladeado pelos apendículos subindo a Corredoura em embevecida ovação até à praça e ao Palácio onde deambulava abandonado pelo que contam, um diferente rei pois que brasileiro.
Da festa persistirão um pouco os comentários, os mais aludidos e auscultados pelos de cá: “que feia está a cidade, tudo em obras”, “a cidade está descaracterizada, já não parece o que foi”, “esta terra ganhou vida para hoje, mas está morta todo os outros dias”, e tantos que tais e parecidos com os quais, purgou a cidade envergonhada que não obstante não se comediu no pavoneio.
Será admirável que os comentários mais negativos à cidade e à festa sejam quase sempre de autóctones, se a eles se deve a responsabilidade, mesmo que por omissão desleixo ou desinteresse, pelo estado em que se encontra. O Príncipe Perfeito é o primeiro responsável, mas somente isso, o primeiro. Tomar ainda confia que alguém vai fazer por si. Os nabantinos estimam que por si decidam. Tomar é a primeira maravilha do mundo, e os nabantinos o melhor povo, porquê portanto importar-se com o resto do cosmos?

A Festa findou-se, e foi-se o grande palco para o primeiro testar dos candidatos a candidatos: Carrão, Cristóvão, Dias, Freitas, Graça, Marques, Relvas, Vitorino… e Paiva. Sim, o jeito obstinado como anuncia até a exaustão que não se recandidata, é o que leva muitos dos actores políticos a duvidar dessa proclamada intenção.
Todos por aí vaguearam, por dentro ou por fora do cerne festeiro, mais ou menos à vontade, com real prazer ou encoberta aversão, arrecadando a maioria sorrisos pela fronte e esgares pelas costelas, a verdade é que prova mais abrangente à capacidade de mesclar com o povo não aparece todos os dias.

E a coisa marcha.
No PS sente-se motivação mas insegurança, no PSD tensão e hesitação, nos Independentes cansaço e intranquilidade.
O despeitado príncipe independente é bem o espelho (não fosse o alfa e o ómega) desse cansaço, e nem a posse napoleónica com que se arrasta pelos campos elísios da Alameda convence. A surpresa e a fogosidade do grupo de free lancer’s conseguidas em 2005 evolaram-se de vez. Diga-se no entanto que Marques, independente dos independentes, será sempre, como foi, vitorioso. Tudo é uma questão de objectivos que se definem para o empreendimento.
Rosa Dias continua cheio de genica, mas todo o esforço mal dirigido é desperdiçado, regras da Física, e além da sua inclusão neste grupo ter prejudicado a sua aura, a idade de todo modo e mesmo que só aos olhos dos outros, não perdoa.
Na laranja o esforçado ex chefe de redacção multiplica-se em sorrisos, em abraços, em aparições, afirma-se seguro e convicto, diz-se preparado para enfrentar o seu próprio partido se for preciso – e poderá bem ter que o fazer se os mais jovens e a elite do partido conseguirem ganhar o domínio intestino lá mais para o fim do ano. Nas suas costas há forças que se mexem, e há quem para Carrão queira carrinho. Será conjuntamente um teste à vontade e ao poder de Relvas.
Nos rosas, depois de afastados aparentemente de vez a maior parte dos fantasmas e velhos do restelo, faltará talvez resolver um ou outro adamastor. Embora a calma e o alinhamento sejam como há muito não se via, os afazeres não deixarão de ser muitos se intentarem restabelecer a confiança perdida – e o governo deles não ajuda. O avolumado Cristóvão, preso entre ser maestro ou primeiro concertino, gosta de comparar o partido a uma orquestra mas para já ainda não passou de filarmónica, é que reconhecem-se por ali qualidades, mas não as conhecem a maior franja dos nabantinos, e qualquer que seja a escolha imanada terá contestatários e fortes contra-argumentos. O ignoto porém, é elemento presente nos melhores jogos, e como monção poderão ter o imprevisível mas inevitável ensejo de alternativa.
De um jeito ou de outro o engodo foi lançado, mas está a ser difícil de morder – na essência um velho obstáculo, um militante convicto arduamente adopta alguém que teve já protagonismo noutro partido. No condado para ali se definiu um de três candidatos possíveis, qual então a isca que se segue?

E Agosto aproxima-se, o verão prosseguirá apático, com um ou outro frango assado nas festarolas, e muito “pezinho de dança” de Carrão, e uma ou outra disponibilidade vacilante junto dos decisores.
Lá para o remate do ano, em especial depois da contagem de gomos na laranja, as coisas começarão a ganhar outro sumo, mais doce para uns, por certo amargo para outros.
O alinhamento dos jornais vai ser um factor importante, sentindo-se apenas suave nestes tempos politicamente mortos, mas aumentando seguramente com o achegar da contenda.

Et voilá, a água da piscina deve estar morna, as flutes cheias e o champanhe gelado. Faltam os morangos e o chantilly que devem estar mesmo a chegar…
Gozem o calor e façam-se às ondas, mas tentem manter-se acima delas.
Com elevada consideração, O Conde.

06/07/2007

Still loving you

Aos abrilhantados nabantinos,
Aos domiciliados flecheirenses,
Em especial aos que me escreveram questionando sobre o Condado, e o porquê do tresmalho dos comentários.

De mais uma árdua expedição regressado, propositadamente para a mais sacro pagã das vanity fairs do burgo – e se todas assim fossem residiríamos bem – fiquei triste com o que ia por aqui, a trejeitos pelos quais, como o recém re-eleito presidente do PS, Aspirante Cristóvão, decidi “acabar com reboliço”; ou como o iluminado Príncipe Perfeito, Dom Paiva da Alameda, intentei definir um rumo, ainda que não saiba qual, sei em todo o caso que a partir de agora, “comentários só em casa”.

Seriamente, é pena que alguns, seja por imbecilidade, seja por garotice, seja por outros interesses mais profundos, não saibam que em algum lugar tem de estar um limite.
Dizia o Príncipe Perfeito num semanário regional existir muito amadorismo na política, quando em verdade existe muito amadorismo no Humanismo e na Cidadania, os reais valores em que todos deveriamos ser profissionais.
Tenho permitido que este espaço, nos moldes que no Decreto abaixo se descrevem, possa ser quase que anárquico, aqui sendo proferidos dos maiores disparates às mais acertadas asserções. Mas tem que se usar de bom senso, não se pode impunemente dizer todos os despautérios imagináveis. Não se pode ferir gratuitamente as pessoas em especial no seu foro privado.
Por isso tornei inacessíveis os comentários, enquanto reflicto na sua continuidade ou mesmo na continuidade do Condado. Talvez seja, por tanto que isso entristeça alguns, e outros deixe felizes, altura de declarar a república e abdicar do título.
Vou ponderar argumentos ou tentar dentro das minhas capacidades ver que formas existem de poder introduzir maior responsabilidade em quem comenta.

Para já goze-se a festa, e o e-mail continua ao dispor.

Com elevadíssima apreciação,
O vosso eminente Conde.