01/04/2007

Abril águas Mil

Ora pois cá me eis de novo. Desculpai vossas senhorias mas do Bali à Trafaria, vários têm sido os locais por onde me tenho quedado, e tempo tem carecido para o inefável condado.

Mas não podia deixar passar este início de Abril sem notícias bem frescas vos trazer, e que certamente vos vão cair como bombas, mas que devem ainda assim ser o quanto antes do vosso conhecimento.
No ano de eleições internas dos dois maiores partidos e de grande azáfama para a corrida a 2009, está assegurado e posso garantir, que nestas coisas não falha quem vive para me servir, que:
António Alexandre vai ser eleito presidente do PSD local e os Independentes vão Tomar conta do PS.
PS e PSD coligam-se, vão a eleições bem juntinhos e o cabeça de lista será… Salazar! É a mais afinada verdade posso assegurar, agora que se descobriu a recente popularidade do eterno Presidente do Conselho, as aflições de ambos os partidos, agora partido único, estão afastadas depois de se aperceberem que vive em Tomar um Salazar. Sem fotos nos cartazes e apenas com o slogan: “Tomar já só com Salazar!”, a vitória estará garantida e quase com unanimidade.
O número dois para manter as quotas de mulheres e comunistas será Sílvia Serraventoso, para quem será criado o pelouro dos bons costumes da família e do lar.
Os independentes, órfãos de Marques e Dias, vão avançar na expectativa de que alguém caia da cadeira, e vão com a Maria José Nogueirinha, fugida aqui para as bandas do Nabão com medo das agressões dos seus anteriores colegas.
Rosa Dias preparava-se para concorrer como número dois do CDS local, atrás de Carlos Trincão, até que, com o regresso de Salazar o CDS é extinto por deixar de ter significado.
Bruno Graça vai lançar holdings à Canto Firme, à Nabantina, e ao Ginásio Clube, falhando o Fatias de Cá entretanto radicado no Castelo de Almourol eleito a maior maravilha de Portugal do Pequeninos. Ainda assim cria a Gualdim Pais SGPS, podendo assim dizer que ele é que o presidente da Tomar que mexe.
Existirão intenções de criar um museu ao General Fernando de Oliveira, mas as grandes manifestações do proletariado das cadeias de fast-food e hipermercados vão fazer cair a ideia, e pelo meio da discussão descobre-se que Nini Ferreria afinal, era apenas um gajo que lançava umas larachas, pelo que será eliminado da escultura junto ao Lopes Graça. No entanto os ucranianos contratados para o efeito enganam-se e retiram o sujeito errado. O bronze derretido será aproveitado para um elemento escultórico a localizar na actual cibernética rebaptizada rotunda Salazar, sendo aí construído um monumento ao “Ser Tomarense”. Como modelos para alguns rostos serão utilizados de presidentes de junta a presidentes de clubes de futebol local, entre outros ilustres. As actuais luzes psicadélicas serão mantidas, pois esse será então o único espaço de diversão nocturna da cidade, a par do drive in na cerrada dos cães, onde serão distribuídos preservativos de má qualidade por acólitos vestidos de góticos, como forma de incentivo ao crescimento de nascimento em Tomar. A medida será um sucesso, e terão de ser compradas mais cinco ambulâncias para realizar os partos.

O Templário vai lançar uma OPA ao Cidade de Tomar, mas a Câmara não cede a sua golden share, e em contra OPA compra também o Templário.
A GNR vai passar a ser comandada a partir do Terreirinho do Paço, a rebaptizada Praça da República.
A Câmara vai ceder na sua intenção de construir um centro comercial no actual espaço do mercado, e ao invés vai utilizar para esse fim o Hospital, que ficará apenas com um pequeno consultório para tratamento de calos, verrugas e varizes. Os doentes serão deixados no limite do concelho, sendo-lhes assim oferecida uma católica oportunidade de salvação.
Tomar passará a ser terra exclusiva de gente saudável, rica e loira.
Paiva vai finalmente alcançar o seu sonho e vai ser nomeado Ministro. A pasta ainda a ser estudada será a dos Assuntos Internos e Não Especificados, ou a dos Negócios Com os Estrangeiros. Miguel Relvas perdido de desgosto e inveja imigra de vez para o Brasil.

Entrementes, num novo mega projecto da TVI, será lançado um novo reality show, e aproveitando a capacidade de câmaras já instaladas por toda a cidade, Tomar será palco desse mega espectáculo chamado Circo dos Nabantinos. Os nabantinos esses, não se aperceberão que vivem numa realidade virtual e continuarão convencidos que são os maiores do mundo. O programa será cancelado quando o Eduardo Moniz se aperceber que o programa, por difícil que fosse de acreditar, é mais monótono que as reuniões de Assembleia Municipal ou de Câmara, que a maioria das objectivas filma espaços vazios, e que de qualquer forma, nenhum dos restantes portugueses quer saber do que se passa na tragicomédia nabantina.

Entretanto desterrados numa ilha desconhecida na costa de Angola, Carlos Carrão, Ivo Santos, Luís Ferreira e Hugo Cristóvão, jogam descontraídos às cartas enquanto bebem traçadinhos de Dom Gualdim com Spur-Cola, e relembram os tempos em que andavam na política, ao som dos gritos abafados num baú ali perto, lançados em cólera por Pedro Marques, frustrado por ninguém querer brincar com ele.

E que isto tudo seja tão verdade como eu ser o magnânime Conde do Flecheiro, descendente do augusto Príncipe do Agroal e da esbelta Marquesa de Marianaia.
Por minha honra e compromisso, a Um de Abril de Dois Mil e Sete, ano da graça de nossos senhores Dom Paulino e Dom Sócrates.