21/09/2006

do nabão nascido

Pronuncia o último comentador do post antecedente que já vai longe o derradeiro artigo aqui no condado, e terá talvez razão, mas certamente entendeis que a vida de fidalguia não é fácil! E depois caros comentaristas haveis esgotado argumentos? É que também vos findou o gás!Devo de qualquer modo anunciar que apreciei a maioria dos comentários, alguns deles curiosos e até quiçá interessantes, mas ao contrário desses, as coisas cá pelo condado têm andado algo que murchas, e um distinto afidalgado como eu carece de se distrair com outras coisas que menos enjeito façam ao meu nobre ego.
Mas já que é para tal que assiste este pasquim da minha verborreia, não se importarão que exponha mais algumas das minhas sábias teorias sobre os prováveis factos de índole política do mundo vulgar cá do feudo.

A coisa vai mexendo mas muito ainda pelo underground. No PSD correm as ondas de choque com a hipótese Pedro Marques, uns aprovando outros agoniando com a ideia. Certo é que a Paiva já poucos o podem ver, e segundo se sente, a começar pelos mais próximos. Também é certo que poucos o podem ver, porque parece que ele aparece mesmo muito pouco.
Os Independentes lá se vão segurando como podem, a tentar vender a ideia que ainda existem, e a conseguir algum eco dos jornais, mas na verdade receando muito por se encontraram deveras perto do abismo. Quem sobe depressa fica rápido sem oxigénio.
O PS bem tenta reerguer-se depois do trambolhão, mas ainda não é certo que alguns dos estorvos que por lá tem venham a ser diluídos. O jovem presidente Cristóvão tem o grupo com as maiores potencialidades mas talvez por isso, com maiores dificuldades.
O Bloco não sabe o que fazer a Carlos Trincão nem o que fazer sem ele. Já Carlos Trincão não sabe se cai para o PSD se para os Independentes, ou se na hora da verdade todos o deixam cair.
O PC é Bruno Graça, e Bruno Graça é ele mesmo. Há ainda lembranças duma Sílvia da família Serraventoso, mas terá imigrado para Cuba, que nunca ninguém mais a viu.
O CDS como normal fechou para balanço até perto de 2009.

E disto, porque para futuro interessa o que interessa, analise-se melhor PS e PSD.
Ambos os partidos fizeram más escolhas no processo autárquico. Por um lado o PSD tinha todo o seu trunfo em Paiva e isso era indiscutível, Paiva trazia de trás uma enorme vantagem e por isso era evidente que ganharia. Mas tão provável essa evidência como a de não o voltar a conseguir, e talvez por isso mesmo se mantenha a dúvida se acaba sequer este mandato.
E com estas quase certezas o PSD deveria ter preparado o futuro, e apostado num número 2 forte que gradualmente assumisse a Câmara. Esperava-se que tal acontecesse com Ivo Santos mas assim não foi, e por isso embora no poder, o PSD tem agora a tarefa mais difícil de todos, procurar o sucessor de Paiva, sem poder assumir essa procura, além de que sem sucessor assumido aumenta o risco de poderem rebentar costuras que há muito silenciam o partido, trazendo à luz as muitas divergências e as várias ambições que por lá grassam, sendo que várias questões se colocam: regressará Carlos Carrão à liderança do partido? Atacarão os mais novos? Quererá Relvas ser candidato à autarquia, e tem peso no partido para isso? E dos actuais vereadores manter-se-á algum no barco?

Pelo lado do PS as coisas também não são melhores, com no entanto uma grande diferença, o PS pode arriscar tudo. Mais, sendo oposição é óbvio que a busca do candidato já começou, e podem assumir isso para sua vantagem.
Mas o PS esteve efectivamente mal nas últimas autárquicas. O PS sabia que não poderia ganhar e por isso deveria ter apostado num candidato para 4 anos e nunca em Carlos Silva como cabeça de lista, pois que este evidentemente era candidato para uma só corrida.
E tendo tido como resultado um só vereador, a verdade é que a tarefa de oposição complica-se ao ser óbvio que Carlos Silva sozinho, não faz mossa aos ardilosos que o acompanham na Câmara, tenha ou não o suporte no partido.
E agora as grandes questões: o PS tem na lista que apresentou a acompanhar Carlos Silva três putativos candidatos, José Vitorino, Anabela Freitas e Hugo Cristóvão, sendo que este último leva vantagem porque embora consideravelmente mais novo é já presidente do partido, e tem eventualmente mais experiência política. Mas votariam os tomarenses em alguém com trinta e poucos anos? Por outro lado Vitorino é ainda visto como antigo vereador do PSD e Freitas é mulher, o que em Tomar pode ser difícil de vender a uma comunidade francamente conservadora.
Fora disto, o PS não tem em si mesmo e que se conheçam grandes alternativas, e poderá voltar à velha busca duma personalidade ilustre e independente, perfis dos quais é Tomar no entanto escasso (não basta poder ter perfil para ser presidente, é preciso primeiro ganhar eleições), além de que é conhecida a resistência do PS local a independentes.
Há uma última hipótese, e já sussurrada por aí, de adquirir alguém de fora de Tomar, mas é sempre dúbio se isso cai bem aos tomarenses. Aconteceu com Paiva mas em circunstâncias específicas, sendo que Paiva era professor no Politécnico e cumpriu primeiro um mandato como vereador na oposição.

E para agora chega, que este exercício de pensar e deduzir enrijece-me o couro cabeludo e seca-me a pele, e isso não fica bem a um conde.
Entretenham-se por mais uns tempos e regurgitem lá o que julgam cogitar, que eu tenho de ir averiguar do meu condado, não vá acordar um destes dias com alguma ponte aqui no meio, a estragar-me a estética toda do meu quintal do Nabão nascido...

À margem___
Aos caros comentaristas que por aqui passam e se albergam no anonimato, será que não querem considerar a hipótese de inventar um pseudónimo qualquer? Era só para ver se nos entendíamos melhor...

01/09/2006

Rei ausente, avança pretendente

De regresso ao condado, depois de algumas expedições por terras mouras em nome de deus e da pátria, eis que encontro o sítio num reboliço. Que me caia o septro, se as guerras mudas e subterrâneas pela conquista do palácio da praça de Dom Gualdim Pais, não tiverem já começado.
E a dar voz a um susurro que por aí corre, vem pertinente o Templário desta semana alegar que na ausência de Paiva, Pedro Marques comanda a reunião de Câmara com a conivência do PSD. E a verdade é que há muito se fala que Pedro Marques dava um bom candidato para o PSD substituir o déspota actual. Será?
E Ivo Santos, fica-se? E Relvas, será o mestre deste plano, ou terá planos mais pessoais?
E a geração mais nova, como João Tenreiro ou Gonçalo Jácome, alinham?

Pelos lados do PS, parece que a corrida também já começou. E coincidência ou não, o já referido jornal trás esta semana uma entrevista de duas páginas com Anabela Freitas, directora do Centro de Emprego e uma das mais influentes dirigentes locais. Temos candidata?

O verão acaba, mas adivinham-se tempos quentes.