12/10/2008

rapto ou repto

Vêm os serviços administrativos deste condado tão-somente notificar que por alheios ou indeterminados móbiles, se acham na imperativa obrigação de comunicar que nos defrontamos no limiar de encerrar o Condado.

Há muito que não sabemos de sua Eminência O Conde, desaparecido há meses; da Condessa só sabemos dizer que alvorou de cá e abriu um salão de chá e massagens, em alguma parte na periferia de Lisboa; e até o nosso chefe executivo, O Mordomo, meteu licença sem vencimento, e segundo sabemos abriu uma loja de pesca com um afilhado nas Canárias.
Com tais circunstâncias, o Condado deixou de funcionar; ainda o mês passado chegaram aí os convidados para a 2ª Gala dos Distintos Flecheirenses (e se eram muitos e esfaimados) e deram todos com o nariz na porta. Nada tinha sido feito e não havia ninguém para os receber. Vão ter de se contentar com a tourada na feira que aí vem.
Para complicar, a vida no palácio está insuportável com o pó e o barulho das obras aqui ao lado que nunca mais acabam. Além de tal, não auferimos há dois meses e os fornecedores deixaram de vir pelo que até fome passamos. Agora, para instalar o integral tumulto, adveio um aviso de execução de hipoteca ao palácio.

Nesta encruzilhada, e de expectativas de futuro agora mais negras que um qualquer tomarense, como se tal fosse imaginável, estamos de cabeças perdidas e a pensar como todo o enjeitado de qualquer organização, tornarmo-nos subordinados independentes.
Subsistimos porém na dúvida de como dirimir: ou colocar isto à votação entre todos os colaboradores, ainda que saibamos já o que todos pensam, ou confeccionar uma sondagem e quedar esperando.
O que estimávamos verdadeiramente era que o Conde voltasse. É tão melhor quando alguém nos profere o que fazer.

Com afeição e premência,
A Comissão de Trabalhadores do Condado