06/05/2008

Bolos e salgadinhos

Saudações gentes tristes das margens lamacentas da outrora cidade jardim, cidade templária, cidade... tendes tido saudades deste vosso sapiente farol?

Pois que, regressado de um longo cruzeiro entre os fiordes noruegueses e as ilhas da Nova Sibéria, cá retorno, depois de paragem em Fátima para pagar uma promessa e daí vindo já pelo novo IC9, para comemorar entre bravos depenados patos o dia do trabalhador. Claro, trabalhar para mim não é um verbo, mas um adjectivo que atribuo a outros; pelo que claro está que advindo, e depois de despachar a condessa às compras para Nova Iorque que com o valor do dólar até é mais barato, me entreguei prontamente às doces delícias do meu palácio, onde tenho estado, entre duas loiras uma morena et beaucoup de champagne.

Ora o burgo mudou nestes últimos meses, sentem-se, com pleonasmo incluído, sentimentos contrários – por um lado uma angústia, uma triste alegria ou uma alegre tristeza, não sei bem definir que não sou prendado em poetizes; mas há um burburinho, uma ténue ebulição que meus dotes de cartomante já iam avisando.
E é mau, é muito mau, é terrível, porque quase sou tentado a dizer – perdoai-me senhor – que por estas bandas de Sellium e Nabantia, um novo tempo se vai desejando ou já achegando. Cuidado! Vigilantes dos costumes e da moral, cuidado. Não deixeis cair em tentação e livrai do mal este povo que de amparo e observância carece. Não digais que não sentis! Sente-se nas ruas, sente-se nas casas, nos cafés – senhorias!, até nas igrejas, sente-se em todo lado!...

Mas vá… está certo, estou a foliar um pouco. Sente-se, sente-se, mas não mudará grande coisa, que qualquer rebanho é fiel ao cajado do pastor e ao latido do canídeo guardador. E porquê? Está bom de ver que o cajado já começou a bradar e os canídeos a latir, bastará olhar os periódicos da urbe… já Hitler dizia que a melhor característica do cão era a sua obediência.
Por outro lado, a coisa sempre entusiasma pelo condado, que a semana académica foram só três dias e como tal pouco anima os autóctones. Esta animação pelo contrário sempre promete durar um pouco mais, e com clímax continuamente acrescido.
Ele são sondagens para vários gostos, ele são aparições em tudo o que é lugar, ele são contactos e mais contactos.

O fenómeno é fácil de explicar: cheira a bolos, que é como quem diz, agora se vê quem é mais guloso. Com a espécie de fuga de Dom Paulino, a sede pelo seu lugar torna-se incontrolável, quais lobisomens em noite de lua cheia. É tanto mais evidente que o palácio da autarquia é agora apenas frequentado, à espera portanto de ocupação definitiva.
A coisa começa no laranjal onde, com as armas dos barões assinalados a forçar a pachorrenta solução causídica, mas onde também se diz, que o agora regressado Dom Ivo Carbonara terá já o arranjinho feito com Dom Relvas O Brasileiro, para que o primeiro por cá fique a gerir a sanzala. Certo, certo, é que, mesmo sabendo que todos se gostam tanto, o homem em pouco tempo já envergonha os seus companheiros, com especial incidência em Dom Carrão, dado todo o destaque que em pouco tempo tem, graças a sopas, canis, e em especial aquela coisa dos pobres, o mercado.
Em todo o caso, para melhorar o enredo, a principal questão ainda em aberto é exactamente a de Dom Carrão Barão das Freguesias: aceitará ele o destino imposto como número dois ou três, ou manterá a promessa em todo o lado proclamada de avançar como free-lancer? A primeira opção será a mais provável, até porque outorga menos trabalho, e augura melhor resultado com os mesmos dividendos, mas, tendo-o o já dito em todo o lado, conseguirá mostrar a cara depois disso? E se afinal o homem tiver um rasgo de coragem e for em frente, que espaço fica para duas agremiações independentistas? Poderá Dom Pedro sobreviver?

Para os lados do diz que pouco florido jardim das rosas, apesar dos muitos pretendentes que se vão susurrando, há muito se percebeu que a opção é de arquitectura, e Dom Becerra começou até a chegar a casa dos flecheirenses vestido de vereador preocupado com epístolas educativas.
Tal deixou os espoliados independentes, também identificados como grupo da sueca de Dom Pedro, e especialmente este, com evidente aflição, perceptível na forma desesperada como se diz que está a tentar que os rosinhas o aceitem once again. Por lá, os que têm testa parece que tal não lhes passa nela, e poucos se identificam com o senhor que dizem ser coisa do passado, afirmando aos ventos qual Mário Ota Lino: - Jamais, jamais!

A coisa no entanto pode mudar de figura, com a contratação do reputado xadrezista José Alves dos Reis Soares para animar as soirées, conhecido pela especial capacidade de realizar partidas simultâneas em vários tabuleiros e como o maior dos Kromus, e que ao que foi possível apurar, se mudou de Scalabis para Nabantia, afim de, qual lança em África, mudar os destinos dos rosinhas locais... Dom Pedro não podia contratar mais pertinente e assertivo embaixador!
Do lado destes a grande dúvida é Dom Dias Rosa Comuna - aceitará ele, conservado numa garrafa de éter, voltar a ser candidato, mesmo sabendo que o crédito pessoal já não é o mesmo, perdido além da idade, pela forma conservadora com que os fans reprovaram a sua relação contra-natura com Dom Pedro?

Algumas pequenas coisas há, além disto, ainda a esclarecer mas que pouco são relevantes: Fica Trincão no Bloco ou assume a "Independência"? Mantêm-se Bruno Graça na CDU, e será por esses cabeça de lista? O CDS apresenta sequer lista? A casa avançada de Tomar em Lisboa, fará duplo ou triplo jogo?

Mas, como sempre, deixo algum espaço à vossa reflexão, sempre tão assertiva….
Minha augusta pessoa por aqui se fica, enquanto não decido se em seguida vou de sopas, ou já de sandálias aí para um paraíso qualquer beber umas cervejas.
Sim cervejas! Não é que goste muito, mas com a crise dos cereais, em pouco tempo a cerveja vai ser coisa de ricos, e depois já se vê, uma mini Sagres vai valer mais que uma Moet&Chandon, bem adequada portanto, ao meu estatuto.

salutations à tous, vôtre aimé
Comte de Flecheiro