23/09/2007

Folhas de Outono

Salut a tous mes chères amis! Ca va bien?
Sim, é verdade que há tempo que não redijo, mas não sabeis que após as férias é preciso um tempinho para repousar delas? Ora como vivo do ócio estou sempre a precisar de repouso!
Tudo bem, não é apenas às vacances que se deve o remanso, a verdade é que sem grandes alaridos ou públicos festejos, este condado virtual perfez no pretérito dia 24 de Agosto um ano de cintilante presença. É certo que os festejos não foram públicos, pois que noblesse c’est noblesse e não quero cá no palácio um jagunço qualquer, mas tal não traduz que não tenham sido de arromba, e por isso tenho subsistido os últimos dias à receita de piscina sauna e massagens, que se não tratarmos bem corpo, é ele que trata de se pôr ao descanso.
Então para deleite vosso e meu particular regozijo, como forma sublime de celebração, a minha magnânime vontade instituiu a Gala dos Distintos Flecheirenses, que não poderia ter começado melhor nesta primeira edição em que abri as portas do meu vasto lar aos mais amados, cobiçados, invejados, etecetera etecetera, notáveis nabantinos. E não estive de modas, todos os que foram convidados para a festa foram agraciados com o Grau de Primeiros Cavaleiros do Reino, pela sua valentia e outras imensas qualidades na defesa desta nação nabantina.

Era vê-los chegar todos brilhantes, todos coquettes, nas suas limusinas e nas suas trapelas de estilistas conceituados… Vá pronto, a maioria parecia os miúdos de 16 anos nos bailes de finalistas em que eles mal se vêem no fato e elas passam o tempo a cair dos saltos altos…
Diferente esteve Carlos Carvalheiro, que chegou na sua samarra alentejana e com as suas botas de couro que me encheram a passadeira vermelha de lama. Que falta de chá!
Também cheios de lama chegaram Carlos Moisés e o resto do pessoal da quinta, bem como de guarda-chuvas não sei bem porquê, mas juntaram-se logo com a malta do Bloco de Esquerda e foram à procura da sala de fumos fumar um narguilé. Todos a pedir que eles cantassem e nada!
Fernando Jorge, Barão de Santa Cita, trazia atrás uma nuvem de penas da matança dos patos. De todo o jeito, eu patos ainda vejo imensos, de bravos é que lhes noto pouco…

O Dr. Miguel Relvas, que veio propositadamente do Brasil, acabou por ser desviado para o frete da campanha do pequenito Mendes, pelo que não compareceu. O Príncipe Perfeito, Dom Paiva da Alameda, Mayor de Thomar que fez escala por cá nesse dia, recebeu o prémio por ele.
Ninguém se podia chegar ao pé de Luís Graça e Carlos Carrão, se o primeiro era o cheiro a choco frito, o outro era o frango assado! O primeiro aliás levou um banhinho na piscina e ninguém mais o viu, já o Barão das Freguesias saiu mais cedo, porque ainda tinha dois bailes, um aniversário duma associação da sueca, e a chegada duma excursão de trinta mil idosos por onde passar. Como ambos não puderam receber o prémio, o Príncipe Perfeito recebeu por eles.
Ivo Santos chegou com Isabel Miliciano, mas se ele teve que sair a meio para ir entregar umas pizas, ela chateou tanto as pessoas com as assinaturas para o homem que vive na casa de banho, que acabou por ser expulsa da festa pelo Príncipe Perfeito que, recebeu o prémio dos dois.

Carlos Silva vinha com Luís Ferreira mas desistiu de entrar porque não tinha lá povo para representar, pelo que o adjunto do Governador Fonseca passou a noite a infernizar os acólitos do antigo Barão Pedro Marques, que estavam aos pulinhos ao fundo do salão a ver se alguém os via. Ora quem mais se esforçava por os não ver era o vovô Dias, que parece que anda farto de lhe andarem a dar a papinha à boca.
Hugo Cristóvão chegou atrasado, tinha estado a limpar o gabinete do IPJ em Santarém, e perdeu-se no seu sótão à procura das planificações das aulas. Mas ainda chegou a tempo da festa e foi direitinho enfiar-se no salão de jogos a jogar cara ou coroa com a Anabela Freitas e o Becerra Vitorino. Não consegui descortinar qual era o prémio.
Por falar em malta nova, Nuno Merino, Ana Rente e Catarina Anastácio também apareceram, mas como vinham de sapatilhas e fatos de treino, os meus seguranças não os deixaram entrar, e eu fiz de conta que não vi, porque há que manter o nível.

Quem também chegou a tempo foi o coronel Andrade, mas de tal forma esbaforido que estava a ver que ia conhecer o hospital mais cedo, veio com tanta pressa lá da reunião secreta onde lhe deram a presidência do Centro Hospitalar, que até se esqueceu de tirar o avental. Quem não gostou nada foram o Madureira e o Esparteiro. Senhores! Estava ver que se embrulhavam ali numa guerra de cruzes e compassos… o que vale é que como o Padre Mário rodopiava na sala de dança, e o Frutuoso e o Leopoldo estavam ancorados ao balcão, não houve força de braços e a fricção serenou.
Também convidei o Bruno Graça, mas respondeu que não podia ausentar-se mais que meia hora de cada vez da Gualdim Pais, e o Carlos Trincão como não sabia se havia de vestir laranja, usar fato de estilista independente ou manter-se com o fato apertado descaído na manga esquerda que tem usado, também não veio.
Os jornais da terra é que têm estado muito invejosos de não poderem ter acompanhado a festa, de forma que agora estão a inventar uma espécie de páginas cor-de-rosa, onde falam de casamentos e afins, de pessoas que ninguém sabe quem são. Se continua assim, deixam de ter espaço para fazer cobertura daquelas festas de febras e copos por essas garagens deste malfadado povoado!

Bom, a festa foi de arromba, esgotaram-me o stock todo do Moet&Chandon e do Black Label, e tive que ordenar aos empregados que distribuíssem colchões para a sesta e Gurossans para a viagem.
Os jardins do palácio ficaram todos arruinadinhos com as pisadelas e já pedi ao Amândio para vir coordenar os trabalhos, mas o homem tem uma agenda muito ocupada e está em gravações do seu próximo filme. Se calhar vou ter que contratar a malta que anda a fazer as obras no Mouchão, mas se assim for vou ter de fechar o palácio até lá para 2009. É que não me bastava agora quererem por aqui um estaleiro para fazer uma ponte ornamental que me vai estragar a vista, e terem feito ali um bairro com esse nouvel conceito arquitectónico da arte contemporânea que é a inspiração barraca!
Ando eu a fazer-lhes festas e é assim que me tratam? Ai qualquer dia esqueço-me do meu coração flecheirense, mando fechar isto tudo, vou de vez para terras de Vera Cruz, e aproveitando que mataram os patos todos decreto fazer de tudo isto museu de aves raras! Ai vão ver!

Até à próxima, recebam estas sentidas saudações scolarianas do vosso Conde.