06/01/2007

Récita de Ano Novo

Ora pois meus caros plebeus, cá nos encontramos de novo já neste ano de dois mil e sete da graça de nosso senhor mártir e redentor, que protege os aflitos e acarinha os desprotegidos.
Peço-vos desculpa pela evasiva intervenção do meu mordomo, mas devo-vos dizer que está já a ser severamente punido de forma justa e exemplar.
Durante dois meses vai comer apenas pão da última festa e água da fonte iluminada, e rezar 100 pais nossos por dia, ao mesmo tempo que se auto flagela ao ler decorar e declamar uma por dia, as obras completas de Carolina Salgado, do Paiva o mestrado, do PSD “A nossa vida sem ele – histórias de amor e saudade”, do PS os “Contos do Desejado – como reconquistar o amor dos outros”, dos independentes “Fabulosas receitas com ingredientes diminutos”, o “Livro Branco” do CDS, a “Teoria do Marketing” do Bloco, e a “Casa em Ruínas” das edições PCP.

Confesso que regressar ao condado é uma tristeza, não basta por cá o Natal ter sido triste e escuro, o União ter perdido o sapientíssimo líder, e ele agora dizer que pode voltar, ou parecer não ir haver mais nenhuma cheia para animar, uma pessoa ainda chega e dá logo de caras com a publicação integral do livro das comédias, autoria do Príncipe da Alameda, O Belo e Perfeito, mas onde? No suplemento desportivo de um jornal?! Homens de pouca visão, aquilo era para ser livro de capa dura com gravações a ouro de 18 quilates, folhas de papel de linho e a cores com fotografias destacáveis e emolduráveis, distribuído pelo círculo de leitores. Isso sim era digno de tamanha sumidade, e devotada empresa em prol dos coitados dos patinhos mansos como essa magistral figura que os rege tem executado.
Contra tornados e marasmos, contra os pérfidos detractores, com a visão aguçada e ímpar, de quem descobre enxerga e inventa o que aos outros nem se afigura possível, esse deus loiro tem-nos levado pelas avenidas mais largas do progresso e da qualidade.
Bem, todos todos não, que eu estou fora dessas coisas mundanas, e há para aí mais uns gauleses que teimam em resistir, ainda que poção mágica há muito não provem.

É… é assim que chegamos a este ano de dois zero zero sete, que somado dá nove, número que começa a ser pequeno para os anos já de reinado do príncipe.
E nada de muito novo se afigura aí para as faces e gostos da populaça, mais ponte, menos mercado, menos dinheiro, mais disparate, no essencial tudo fica na mesma, que é como quem escreve, aos costumes nada, e aos sonhos afoga. Sonhos dos jovens, sonhos dos empreendedores, sonhos dos que gostariam de ficar, mas noutros reinos terão de procurar um tesouro diferente, que por aqui as arcas estão arrombadas e vazias, ou muito bem escondidas nos palácios de poucos.
Os escribas pouco assumidos digladiam-se na virtualidade fria e conivente desta e doutras páginas, como se isso fosse a forma de evidenciarem a sua existência, paradoxo imensurável pois não se evidencia o que se não assume, ou assim me parece essa agora discussão infecunda dos benefícios ou prejuízos do anonimato.
Pelos grupos armados amados ou ignorados, dependendo dos casos, as coisas vão fervendo em banho Maria, mas com tendência a entrar em mais premente ebulição passada a sossega, que adivinhando a colheita é tempo já de semear, e aí está o PS a dizer que quer ter candidato até meio do ano (duvido), os independentes a tentar mostrar trabalho e a tentar passar aqui e ali que poderão manter-se juntos se Pedro Marques sair (duvido), e o PSD a querer dar uma de calma como se tivesse tudo normal e controlado, logo, duvido.
O PS dificilmente terá o seu candidato daqui a seis meses, porque isso seria dizer que o tem já hoje. Mas há ainda muitas personagens sem lugar certo no tabuleiro do roseiral para que consigam fazer isso.
Alguns comentaristas referem o que é do senso comum, os independentes dificilmente sobrevivem sem o anterior cabeça de lista, mesmo que até pudessem alcançar melhor resultado sem ele.
O PSD está em polvorosa, em especial porque 2007 será ano de eleições internas, e o Visconde das Freguesias, além de querer voltar a mandar no laranjal, vai passando a mensagem que será ele o paladino da conserva do poder. Difíceis as coisas num agrupamento em que alguns chefes de freguesia pesam muito nas contas, qual Marques Mendes a vergar-se a Alberto João.
Na comuna as coisas também não vão bem, e o independente Graça já não acha graça nenhuma.
No bloco que não é de representações, mas que se representa por um independente, as coisas também parecem não ir melhores, tendo já Trincão dado de prenda o seu lugar na Assembleia na última reunião desta. Terá sido prenda de boa vontade ou de despedida?

Ou seja, está tudo a mexer, siga a folia, venha daí outra dança!!

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